RIO TORTO...
QUE LINDO FOSTE !!!
RIO TORTO QUE TRISTE ÉS !!!
A propósito de um comentário que há dias li no http://prohensa.blogspot.com/, da autoria da nossa conterrânea proencense e minha particular amiga São do http://soumaiseu.blogs.sapo.pt/,”Que bonito que é o nosso Rio Torto cheio de flores e limos primaveris!”,não pude deixar de aqui no meu http://aaladosnamorados.blogs.sapo.pt/, postar algumas achegas endereçadas em especial a todos os proencenses que, devido à pouca idade não chegaram a conhecer aquele troço do nosso Rio Torto, em especial no que se refere às laterais da ponte, mais ou menos um quilómetro para cada lado.
Na verdade, e com toda a consideração que me merece o comentário da São, acho que o mais correcto seria “QUE LINDO FOSTE E QUE TRISTE ÉS MEU RIO TORTO”.
LINDO, como eu o conheci ladeado nas suas margens por belas e produtivas hortas, onde eram cultivadas todas as espécies hortícolas e todo o tipo de frutas que eram a base da alimentação de toda a população de Proença.
Podia mesmo sem exagero afirmar-se que, cada detentor da sua horta, fazia dela o seu “brinquedo” favorito e era com elevado orgulho que toda a família dela tratava.
Todas as hortas, dependendo do seu tamanho, tinham um ou dois poços. Deles se extraía a água com que se regava tudo o que nelas se cultivava.
No verão era um regalo ouvir o “chiar” das “burras” quando se estava a tirar a água para a rega.
Era também um espectáculo de beleza ver o “sobe e desce” do “varal” puxando o “cambão”naquele movimento de tirar a água do poço.
Chegava mesmo, sem que uns dos outros se apercebessem, a haver uma disputa para ver quem tirava a água mais rapidamente e isto era verificável pelo movimento mais ou menos rápido do “vai vem” do varal o qual como é de deduzir, na sua extremidade tinha preso um balde que trazia a água do fundo do poço.
Mas além de toda a beleza que o nosso Rio nessas épocas detinha, é justo aqui lembrar que, era também nele que a maioria das mulheres de Proença lavavam as roupas da família e era também neste nosso Rio que os jovens, em especial rapazes, se banhavam e aprendiam a nadar.
TRISTE, porque dessas hortas NADA EXISTE; dessas árvores de fruto, NADA EXISTE; dessas hortaliças nada existe e mais triste que tudo isto, dessas gentes que ali tanto suor verteram, NADA EXISTE; NADA FICOU.
SÓ A SAUDADE; SÓ A RECORDAÇÃO E SÓ O AMOR POR ELES NOS RESTOU.
QUE DEUS OS TENHA EM PAZ.
RIO TORTO....RIO TORTO
O QUE TE FIZERAM?
Que saudades
A tua água na qual tantas vezes me banhei
As tuas hortas criadas com tanto dor e amor
A roupa que em ti lavavam e branqueavam
E os pinhais que ladeavam as tuas margens?
Tudo pereceu meu saudoso Rio
Ficaste só e abandonado!
Já não tens a companhia daqueles grupos de jovens que aos Domingos em ti se banhavam.
Agora impera o silêncio em ti e por isso
Estás triste porque estás só
Estás triste porque te deixaram só.
Mas, mesmo triste, abandonado e só, continuarás a ser sempre para mim
O MEU RIO,
O RIO DA MINHA SAUDADE
O RIO DA MINHA DISTANTE MOCIDADE.
(Nota para os mais novos: o engenho com que se tirava a água dos poços, era composto por: forcalha, cambão e varal, nomes usadas em Proença)
FAfonso