PROENÇA-A-VELHA
Evolução Histórica e Administrativa Até 1218 pertenceu a Idanha-a-Velha, a antiga Egitânia. 1218 - Em Abril de 1218 recebe foral de D. Pedro Alvites, mestre da Ordem do Templo, em carta concedida com beneplácito de D. Afonso II e D. Urraca.
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Nov 09

 

 

 

 

 

foto retirada do blog-http://prohensa.blogspot.com/

 

 


O PÃO DE CADA DIA...SENHOR

E

Os Fornos de cozer pão

Há dias, numa feliz iniciativa da Junta de Freguesia de Proença-a-Velha, (minha terra Natal) e através do blog “”, dirigido a todos os proencenses e da responsabilidade do conterrâneo João Adolfo Ramos Geraldes, tomei conhecimento da reabertura de um forno de cozer pão, pertença do Dr. Isidoro Pinto Correia que terá suportado na íntegra, as obras de restauro do mesmo.

Escrevo estas breves linhas, porque, ao ler o anúncio da obra atrás referida, vieram-me à memória imagens de há muitos anos, quando eu era jovem e em Proença haviam a laborar diariamente, se a memória não me falha, três ou quatro fornos.

Que verdadeiramente me recorde, havia um na rua do Castelo, pertença de Inácio Rocha, outro numa travessa que liga a Rua Heróis do Ultramar ao ex-Largo do Corro, propriedade do Marquês da Graciosa e um terceiro situado nas traseiras da Igreja da Misericórdia, o qual, não tenho a certeza, mas seria então da família Pinto Correia.

Era uma verdadeira azáfama e um trabalho extenuante para aquelas pessoas que, em especial no Verão, tinham de suportar o calor vindo do interior da “fornalha”.

Verdade se diga que este calor excessivo era compensado pelo “quentinho” que no Inverno se recebia da mesma “fornalha” e que chegava a atraír vizinhas do forno para ali “tagarelarem” e se aquecerem, mas, que era uma tarefa árdua, isso ninguém podia por em questão.

Havia até uma regra que eu, embora jovem, sempre me fez bastante confusão e que era o facto da forneira ter de ir a casa dos “fregueses” buscar o tabuleiro com os pães devidamente aconchegados ente um lençol e um cobertor, para que chegasse ao forno nas devidas condições.

Normalmente, mas nem sempre, os trabalhadores da casa do proprietário do forno eram também os fregueses do forno.

Mas, antes do foro estar quente e pronto a receber os pães, havia um trabalho que à maioria das pessoas poderia passar despercebido, mas que na realidade era bastante espinhoso. Tratava-se de arranjar lenha para a manutenção do forno, pois sem esta, nada feito.

Embora ainda bastante novo, lembro-me perfeitamente do meu primo António Balhó, pois era ele e o pai, o meu tio Zé Pouzinho que tratavam da aquisição da lenha, em regra numa propriedade do Marquês designada de Urgeira.

Tenho bem presente na memória o ciclo que a minha querida e falecida mãe tinha que seguir até o pão chegar à nossa mesa:

Primeiro tiravam-se os cereais, trigo ou centeio, das arcas que tínhamos em casa e metia-se na “taleiga”; - depois vinha o moleiro que a levava para o moinho a fim de moer os cereais, reduzindo-os a farinha e que passados dias entregava a “taleiga” com o resultado da moagem; - De seguida a minha mãe peneirava a farinha; - depois arranjava o fermento e começava o preparo da farinha; - era “amassada” a farinha até se transformar numa massa homogénea; - depois de “fintada” a massa era a mesma repartida em pães que eram aconchegados no tabuleiro e aguardavam a chegada da forneira para que esta os levasse para o forno.

Depois de cozido o pão, era o mesmo entregue à minha mãe, retirando a forneira um que representava o pagamento pelo seu trabalho.

De seguida a minha mãe trazia o tabuleiro com o pão e claro com umas “bicas” e uns “caracóis” que em casa comíamos muitas vezes depois de mergulhados no azeite, como guloseima.

OUTROS TEMPOS, OUTRAS GENTES, OUTROS USOS.

Mas a Saudade ficou

Da Terra e das gentes

Em especial dos que “Partiram”

E que tanto labutaram para poderem dar aos seus vindouros algo que eles não tiveram.

Que descansem em paz

FAfonso

 

 

publicado por AALADOSNAMORADOS às 23:37
Olá, Afonso!
A minha madrinha tinha um forno na casa dela em Proença, na rua que sobe do largo do Adro em direcção ao Corro e ao Castelo. Não se fazia lá pão, mas pela Páscoa a minha avó fazia sempre os bolos doces. Eu e a minha prima adorávamos... Era uma actividade em familia, a minha avó ia apanhando a lenha (quando chegávamos já tinhamos um monte à nossa espera), a minha mãe ou a minha madrinha amassavam, mas a tarefa de cozer era sempre para a minha madrinha. Eu e a minha prima punhamos o ovo com açúcar por cima dos bolos, mas faziamo-lo em quantidades tão exageradas que a minha avó com o seu sorriso na boca refilava connosco "Oh, filhas da p**!". Houve um ano em que as manas sebastianas se recusaram a amassar! Bem, a minha avó já era velhota, a minha prima era mais nova do que eu, sobrou para mim... no dia seguinte tinha uma dor de braços que nem sabia onde os pôr! :-) Saudades desses tempos! E dos bolos doces!

Bêjo!

São
soumaiseu a 16 de Novembro de 2009 às 12:12
Boas tardes São

Na verdade não me lembro da tua madrinha.Mas como se chamava e a casa era na subida ou já perto da praça? De que lado?
Bem uma coisa é certa, esses bolos, que nós chamávamos "Bolo Doce" e que normalmente tinha o formata de um pão grande, eram ne verdade uma delícia da Páscoa.
Não tens por aí uma fatia?
(É só treco-lareco para me abrires o apetire não é? Isso não se faz!!)

Um beijo

Afonso
A minha madrinha é a irmã mais nova da minha mãe. A mais velha é ela, depois há um rapaz, o Zé que foi muito novo para Monçambique, e a Maria Antónia, que tem 10 anos de diferença da minha mãe. Casou com o Francisco, filho do António Xiló e da Maria Semôa, era neto do Menino Rico. Compraram uma casa na rua que te falei (chamavam-lhe a Rua do Açougue)embora neste momento a casa seja do meu tio Zé, o irmão. Quem começa a subir a rua é logo a primeira casa que surge à esquerda, logo a seguir à loja do Manel.
Em relação aos bolos também eu fiquei com água na boca... É castigo por me lembrar destas coisas! Já há muitos anos que não os fazemos! Um dia destes chateio a minha mãe e ainda meto a mão na massa! Até tenho uma masseira e tudo! Prometo que nessa altura não me esqueço de ti e levo-te um bolinho!

Bjocas!

São
soumaiseu a 16 de Novembro de 2009 às 18:21
Amigo Afonso isso é que são memórias!...
No meu tempo o forno do Castelo era da Senhora Maria dos Santos e eu ainda ajudei muitas vezes a descarregar os carros de lenha (estevas e giestas) lá para dentro.
Quanto ao fabrico do pão também fui muitas vezes pedir o crescente (fermento) às vizinhas e lá o trazia eu muito bem enroladinho numa folha de couve para a minha mãe colocar na massa.
Quanto aos "bolos doces" ainda há pessoas que fazem por altura da Páscoa, nos fornos particulares. A Maria José do Talho tem sempre à venda nessa época e às vezes até faz para vender nos festivais que se têm lá realizado, nomeadamente no Festival do Azeite e do Fumeiro que se realiza por alturas do Entrudo. Já sabe se quiser provar é passar lá por essa altura!...
prohensa a 26 de Novembro de 2009 às 14:35
Boas tardes amigo adolfo

Obrigado pelo comentário.
Na verdade o fermento não era fermento mas sim crescente -está bem lembrado sim senhor-, e na verdade o crescente vinha em regra embrulhado em folhas de couve, -não havia frigoríficos-, e essa era a melhor fora de o conservar.
Eram realmente as estevas e as giestas, em especial as primeiras, a grande fonte do aquecimento dos fornos e até das lareiras em nossas casas.
São memórias que, embora distantes no tempo, esão sempre presentes no profundo das nossas vidas.
Um abraço

Afonso
AALADOSNAMORADOS a 26 de Novembro de 2009 às 15:04
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