CAMINHANDO
MOMENTOS DE REFLEXÃO
(ESTA PEQUENA HISTÓRIA NÃO É NOVA,MAS É SEMPRE BOM REAVIVAR MEMÓRIAS)
Esta pequena história poderá não se aplicar a todos nós, mas, aplica-se certamente a muitos de nós
Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.
As mãos do idoso eram trémulas, a sua visão era embaciada e os seus passos descoordenados e vacilantes.
A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trémulas e a visão falha do avô atrapalhavam-no na hora de comer.
A refeição, tinha entre outros ingredientes ervilhas e estas, devido aos tremores que a doença lhe impusera, obrigavam-no a agitar involuntariamente a colher e as ervilhas rolavam da sua colher e caíam no chão.
Quando pegava o copo de leite, este, devido à doença atrás descrita, era derramado na toalha da mesa, provocando nele “vergonha”, visto que a reação que vislumbrava nas expressões dos rostos dos familiares que o haviam acolhido, não eram de tolerância e muito menos de compreensão.
O filho e a nora irritavam-se e achavam que “aquele comportamento”, não era condizente com o estilo de vida que eles até então levavam. “Aquilo” era horrível e as refeições haviam-se transformado num verdadeiro “nojo”.
Urgia por isso tomar medidas adequadas de forma a devolverem ao ambiente, e em especial às refeições, as regras de ética que até aí imperavam.
Desta forma e dando expressão ao que iam acumulando no seu intimo, veio a tomada de atitude.
"Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho dirigindo-se à esposa”:
-"Já tivemos suficiente leite derramado, comida no chão, toalhas emporcalhadas barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão em todas as refeições."
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha.
Ali, o pai e avô comia sozinho enquanto a restante família fazia as refeições à mesa, com satisfação.
No entanto a “maldita doença” ia progredindo e acabou por originar que o desamparado idoso, tivesse mesmo partido alguns velhos pratos que para a restante família já não tinham utilidade.
Todavia e embora inadvertidamente, a verdade é que “o velho” quebrara um ou dois pratos, aos quais foi atribuído uma valor que há muito não tinham.
Por isso nova medida devia ser tomada para terminar com aqueles atos.
Assim a sua comida passava agora a ser servida numa tigela de madeira, para evitar mais loiça partida e o respetivo barulho e trabalho para limpar o que ele sujava.
Havia contudo alguém, mas sem poder de decisão em tudo o que se ia passando em volta do idoso senhor e de quem ele muito gostava e que ia acumulando no seu intimo uma dor que lhe trespassava o coração:
Era o seu pequeno netinho de apenas quatro aninhos de idade.
Este pequeno ser, dentro da sua ingenuidade, ia descobrindo no fundo do seu coração, o muito que amava este velhinho, pai de seu pai, e seu querido avô.
De repente, uma pequena luz iluminou-lhe o coração.
Ia tentar de uma forma discreta e sem causar desordem na forma de viver dos seus pais, demonstrar o erro e a injustiça que estes estavam cometendo para com quem, vistas as coisas com simplicidade, era a origem das suas vidas.
Por isso, quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, não raramente, os seus olhos estavam rasos de lágrimas.
Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando um pedaço de madeira.
Ele perguntou delicadamente à criança:
"O que você está fazendo?"
O menino respondeu docemente:
"Ah, estou fazendo uma tigela para você e a mamã comerem, quando eu crescer."
O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos.
Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos e uma tristeza enorme inundou-lhes os corações.
Embora nada ninguém tivesse falado, ambos sabiam o que precisavam fazer.
Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família.
Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família.
E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, o leite era derramado ou a toalha da mesa se sujava.
De uma forma positiva, aprenderam que não importa o que aconteça, ou quão ruim pareça o dia de hoje, a vida continua, e amanhã será melhor.
Aprenderam que, não importa o tipo de relacionamento que tenham com seus pais, todos nós sentiremos a falta deles quando partirem.
Aprenderam que "saber ganhar" a vida não é a mesma coisa que "saber viver".
Aprenderam que a vida às vezes nos dá uma segunda chance.
Aprenderam que viver não é só receber, é também dar.
Aprenderam que se nós procurar-mos a felicidade, podemos estar-mo-nos iludindo.
Mas, se focalizar-mos a atenção na família, nos amigos, nas necessidades dos outros, no trabalho e procurar fazer o melhor, a felicidade vai encontrar-nos.
Aprenderemos que sempre que decidir-mos algo com o coração aberto, geralmente acertamos.
Aprenderemos que quando sentir-mos dores, não precisamos que as mesmas seja também para outros.
Aprenderemos que diariamente precisamos alcançar e tocar alguém.
As pessoas gostam de um toque humano segurar na mão, receber um abraço afetuoso, ou simplesmente um palmadinha amigável nas costas.
Aprenderemos que ainda temos muito que aprender...
As pessoas poderão esquecer-se do que nós disser-mos...
Esquecerão o que nós fizer-mos...
Mas nunca irão esquecer a forma como nós as havemos tratado.
FAfonso