RAÍZES
Para ti Proença com pedido de desculpa
Embora te não visitasse durante muitos anos, nunca te esqueci, terra querida.
Tu és a fonte onde mesmo em pensamento me refresco e sacio a minha sede.
És o bálsamo que me alivia a dor quando sofro.
É em ti que residem as minhas RAÍZES MAIS PROFUNDAS.
Como nas árvores são as raízes que as prendem à terra, também tu terra que foste o meu berço e o leito da maior parte dos meus ente-queridos, onde repousam para sempre, és e para sempre serás o reservatório onde nos momentos mais difíceis da minha existência, sempre busco e buscarei forças relembrando com saudade os anos que em ti vivi.
Há quanto tempo!
Se as saudades matassem, certamente que eu já não estaria vivo.
Porém, elas não só não matam como alimentam a vontade de voltar, dando assim ainda mais força a quem verdadeiramente as sente.
É por isso que eu voltei.
E que melancolia se apoderou de mim quando comecei a vislumbrar as primeiras casa deste aglomerado populacional a que há mais de oitocentos anos foi dado o nome de PROENÇA-A-VELHA.
Tu....
És o berço onde nasci
Onde os meus primeiros amores despontaram
És a terra onde cresci
Onde as imensas saudades que de ti tenho moram
Tu és a fonte da minha melancolia
Dos amores e da saudade que em ti vivi
Recordar-te nunca será uma ironia
Comigo viverás como sempre te conheci
Terra da minha infância passada
Tempo perdido que não volta
São as saudades imensas de quem te abraça
São as penas que o meu coração não solta
Tu és o elo que me liga a tudo
Tu és o reservatório da minha solidão
Para mim és o Carnaval e o entrudo
És tudo o que prende o meu coração
És a terra que alimentou a minha juventude
Onde os meus pais tanto labutaram
Em ti tudo vivi em plenitude
Até que de ti me separaram
Foram poucos os dias que aqui permaneci, devido a questões inadiáveis -a saúde não perdoa-.
No entanto, foram dias em que revivi os tempos da minha juventude aqui passados.
Quantas saudades senti!!!
Meu Deus como tudo é diferente!!
Os rapazes e raparigas com idades à volta da minha, tal como eu, já não têm as mesmas feições. Por isso, tive de socorrer-me da minha irmã e do meu cunhado para me servirem de cicerones, pois se assim não fosse eu não reconhecia ninguém.
Gostei imenso de ter voltado e prometo a mim mesmo que, sempre que me seja possível, voltarei.
Assim Deus me dê saúde a mim e aos meus.
As Festas do Senhor do Calvário são de uma beleza ímpar.
A ela acorrem muitos dos naturais que trazem consigo familiares que não conheciam nem a terra nem as Festas e muito menos as gentes.
Vêm também muitos forasteiros, em especial das terras vizinhas, onde, na maioria dos casos estas Festas Tradicionais se perderam.
Mas todos ficam encantados com as Festas e com os usos e costumes tão bem representados pelo Grupo Etnográfico de Proença-a-Velha Modas e Adufes, numa representação Teatral que para o efeito levaram à cena no Centro Cultural de Idanha-a-Nova
Para este Grupo e para todos os que tudo fazem para que Proença-a-Velha não morra, o meu muito obrigado.
Francisco Afonso